QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO
Desenvolvido por Felipe Pereira Sampaio, Letícia Caetano de Souza, Matheus Johnson da Mota e Pétrus Pereira de Lima
CRISE DO SÉCULO III
Para falar desse período, é importante entender que primeiramente se dá o termo "crise" para um período quando se passa um processo de fragilidade econômica, instabilidade política-militar e diminuição demográfica. Ora, o uso da expressão "crise histórica" é muito questionado por Karl Strobel em sua obra "O Império Romano no século III: modelo de uma crise histórica?" onde levantou a ideia de que o termo “Crise do século III”, é na verdade lida sob uma perspectiva histórica, nutrida por historiadores mediante o período histórico em que estiveram presentes, e que na verdade, esse termo surge com análises modernas que baseiam a melhor definição como a de um período de transição em que se caracteriza uma mudança estrutural.
É importante lembrar que os acontecimentos são decorrentes de um contexto amplo e não limitado. Ora, vemos pelo menos três áreas mais relevantes que se movem gradualmente com o império, são elas: religiosa, militar e produtiva. No âmbito da fé vemos uma religião surgindo e crescendo muito, chamada cristianismo, onde os adeptos em sua maioria eram pessoas pobres e isso é muito importante visto que são destes grupos mais pobres que saiam o maior contingente militar. Mais tarde isso seria um problema, visto que sendo cristãos, muitos militares encontrariam dificuldade em perseguir os irmãos assim chamados, da mesma religião. Roma sempre tolerou diversas religiões, agia diferentemente com o cristianismo.
O motivo de diversas perseguições a esse grupo no período imperial é devido não somente a aspectos religiosos, mas também e principalmente políticos pois os cristãos não demonstravam respeito pelos deuses romanos e se recusavam a reconhecer a divindade do imperador, não aceitando cultuar a ele e nem ao Estado, e então sendo considerados uma ameaça para o Estado. Durante um período extenso, haverá perseguições aos cristãos, pois essa relutância por parte deles era vista como um desafio à ordem. A partir do século III, o império entra em um processo de fragilidade interna com guerras civis duradouras entre 230 a 260, um período marcado com características como a diminuição do território dominado. Assim, o abastecimento de escravos ficou comprometido, desorganizando a economia com drásticas consequências econômicas, sociais e políticas, pois com menos escravos se produziria menos, tornando assim, a vivência mais cara.
Para o historiador Perry Anderson, foi o principal motivo do colapso romano.
A principal fonte de trabalho escravo eram normalmente prisioneiros de guerra, enquanto o aumento das tropas urbanas livres para a guerra dependia da manutenção da produção doméstica por escravos; os campos de batalha forneciam a mão-de-obra para os campos de cereais e vice-versa. (ANDERSON, 2004, p. 28).
Com a baixa desses escravos, essa produção doméstica fica comprometida assim como a mão de obra e Perry Anderson ainda pontua que esta falta de mão de obra seria um fator relevante da instabilidade militar visto que gerou um desinteresse muito grande
de alistamento, trazendo sérias consequências como a integração de estrangeiros no exército, estes que vieram inclusive a ocupar cargos importantes, ou seja, percebe-se que quando os germânicos migraram, por volta do século IV e V, não há exatamente uma força militar que os impeça, o Império Romano não acaba por causa das migrações e tais migrações aconteceram por causa dos ataques hunos que forçaram os germânicos a migrar para Roma.
Foi um período marcado pela consolidação da religião cristã, por uma ideologia de recompensa após a morte. Tendo em vista todo o contexto político e econômico e que a religião oficial não oferecia tanto conforto e consolo, o cristianismo se tornava cada vez mais atrativo, contrapondo as incertezas e sofrimentos com a esperança de uma vida feliz na eternidade. Após muita perseguição, os governantes percebem que diante deste acréscimo religioso, seria mais vantajoso se unir a eles. Assim Constantino (272-337) concedeu aos cristãos, por meio do chamado Édito de Milão em 312, a liberdade de culto. Ele mais tarde iria se batizar, implicando que o império se chamasse Império Romano Cristão.
Por que é relevante? O imperador era visto como um divindade, o cristianismo ia contra essa cultura, então percebe-se um enfraquecimento da condição do Imperador, abrindo mão de ser cultuado como divindade para obter o apoio cristão.
Referências Bibliográficas
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Antiqueira, M. (2016). Era uma vez a crise do Império romano no século III: percursos de um recente itinerário historiográfico. Revista Diálogos Mediterrânicos, (9), 152–168. https://doi.org/10.24858/174
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma: vida pública e vida privada. São Paulo: Contexto, 2011.
Imagem: Bapteme de Clovis a Reims le 496 de Francois-Louis Dejuinne